Sentido e revisão do texto: teste suas habilidades
Já pensou se você, ao enviar um importante e-mail para seu chefe, escreve, em alguma parte do texto, ”fezes” em vez de “vezes”? Pois é… esse caso aconteceu mesmo! A pessoa que escreveu foi a mesma que relatou o fato. A despeito do fator que motivou o “erro” (sobre isso podemos falar depois), a questão é: será que o texto foi lido e relido após ser escrito ? Essa foi a pergunta feita por mim. A resposta? ”NÃO, Carla. Eu queria logo me livrar daquele texto… Aí, depois que já havia enviado vi a besteira que fiz. Estou morrendo de vergonha“.
Reler o texto antes de enviá-lo a alguém ou publicá-lo em algum lugar requer o exercício da paciência, disciplina e dedicação de um tempinho a mais, algo difícil nos dias de hoje. Por isso, não raras vezes observamos alguns probleminhas de sentido, por exemplo, nos textos que lemos. Veja o que foi publicado no Jornal Folha de São Paulo, servindo como questão de prova da Unicamp/2003:
O Partido X dedica-se a essa atividade mais do que nunca. Ocorre que ainda está longe do desejado, seja por falta de vontade, de vocação ou de incapacidade do partido. Entre outras razões, é por esse motivo que o dólar sobe.
A pergunta foi a seguinte: o final da seqüência “seja por falta de vontade, de vocação ou de incapacidade…” apresenta um problema de coerência, que pode ser eliminado de duas maneiras. Quais são essas duas maneiras?
E você, já sabe a resposta? Envie seu comentário a respeito!
Josias diz:
setembro 17th, 2008 para 11:17 am
Essa é boa!
Gostei… excelente questão de vestibular! Resumindo o texto ao que é pertinente à questão, temos a seguinte construção:
“… seja por falta … de incapacidade do partido…”
Se falta incapacidade é porque há capacidade e isso é incoerente com a construção anterior do texto que insere “falta de vontade, de vocação ou de …” Fantástico!!
Quanto ao reler antes de publicar, posso dizer que tudo o que externamos, seja num vestir, seja no falar, seja em um movimento qualquer ou no ESCREVER sempre carrega consigo a nossa imagem. A imagem que queremos imprimir como conceito na mente das pessoas com as quais convivemos depende de como nos externamos em nossas ações e atitudes. Sendo assim, fica aí um bom argumento para ser paciente ao escrever um texto para qualquer pessoa, ainda mais se ela é o chefe.
Excelente post, Carla! Parabéns!
Josias Oliveira
Andreéia diz:
outubro 10th, 2008 para 1:35 pm
Oi Carla,
Olha eu aqui denovo….rsrs
Bem…quanto a questão e a falta de coerência:
Observamos que o partido está longe do desejado seja por falta de vontade? ok,falta de talento? ok,falta de incapacidade? não.E sim falta de capacidade,pois se tem falta de incapacidade é capaz.Epero que tenha entendido e que minha resposta não tem sido tão incoerente quanto a questão…rsrs
Parabéns!
Um abraço.
Claudia diz:
outubro 20th, 2008 para 3:16 pm
Olá Carla,
Parabéns pela iniciativa .
quanto a falta de coerência, faço uma pergunta. Ficaria correto se colocássemos “seja” no lugar de “ou”, dessa forma, ficaria assim – …seja por incapacidade…
obrigada
Ludmilla diz:
novembro 3rd, 2008 para 8:12 pm
Muito boa a questão!
O texto ficaria coerente caso tivesse sido escrito:
1º) … seja por falta de vontade, de vocação ou de capacidade do partido.
2º) … seja por falta de vontade, por falta de vocação ou por incapacidade do partido.
Carla Pereira diz:
novembro 3rd, 2008 para 10:42 pm
Olá, Ludmila!
É isso aí! Estão corretíssimas as suas colocações.
Abração. Carla.
Fernando Huete diz:
novembro 5th, 2008 para 8:21 pm
Vou arriscar teache:
O Partido X dedica-se a essa atividade mais do que nunca. Ocorre que ainda está longe do desejado,por incapacidade. Entre outras razões, é por esse motivo que o dólar sobe
Se se dedica mais do que nunca não ha falta de vontade e nem de vocação.
Abraço
Carla Pereira diz:
novembro 10th, 2008 para 8:57 am
Olá, Huete!
Muito interessante a maneira como você leu o texto e a sua reescrita em função de tal leitura.
Você fez um rearranjo sintático por ter atribuído, possivelmente, o seguinte sentido: “se o partido X dedica-se a essa atividade mais do que nunca, não há, portanto, falta de vontade ou de vocação por parte dele. Se está longe do desejado, é em razão de sua incapacidade, não de sua vontade ou vocação”.
Voltemos, então, ao texto proposto:
“O Partido X dedica-se a essa atividade mais do que nunca. Ocorre que ainda está longe do desejado, seja por falta de vontade, de vocação ou de incapacidade do partido. Entre outras razões, é por esse motivo que o dólar sobe.”
O autor do texto diz que o partido X dedica-se a uma determinada atividade (não sabemos qual é) mais do que nunca. Ora, essa construção faz com que o leitor pense que o texto será concluído em uma direção, pois, se há dedicação a uma atividade, e há tanto tempo, é de se esperar que haja vontade etc. (Bem, não vamos discutir o que os brasileiros pensam sobre a atuação dos partidos políticos do país).
MAS O AUTOR DO TEXTO FRUSTRA ESSA EXPECTATIVA/CONCLUSÃO DO LEITOR ao usar o conectivo “OCORRE QUE” (pode ser substituído por “mas”). O autor contrapõe argumentos orientados para conclusões contrárias: ele escreve que o partido X dedica-se a uma determinada atividade mais do que nunca, MAS está longe do desejado.
Portanto, Huete, não há incoerência nessa construção. Mas há em outra parte do texto. Vamos ver?
O autor escreve “seja por falta de vontade, de vocação ou de incapacidade do partido…”. A leitura é: “por falta de vontade, [falta] de vocação ou [falta] de incapacidade”. “Falta de incapacidade” significa que o partido é capaz, o que torna o texto incoerente (Observe: o autor diz que o partido X está longe do desejado e explica o porquê disso – falta de vontade, de vocação… Logo, como pode estar longe do desejado, se o partido tem capacidade?). Para desfazer essa incoerência poderíamos escrever de duas maneiras:
1. “seja por falta de vontade, de vocação ou por incapacidade”.
2. “seja por falta de vontade, de vocação ou de capacidade”.
Espero ter ajudado na reflexão!
Até mais. Obrigada pela sua resposta…por me fazer pensar. Carla.
Thais O. Barbosa diz:
abril 17th, 2009 para 12:03 am
Olá Carla,
Muito legal a sua iniciativa.
Eu vou arriscar:
“O Partido X dedica-se a essa atividade mais do que nunca. Ocorre que ainda está longe do desejado, seja por falta de vontade, ou então de vocação ou até mesmo de incapacidade do partido. Entre outras razões, é por esse motivo que o dólar sobe.
Carla Pereira diz:
abril 20th, 2009 para 5:49 pm
Olá, Thais! Primeiramente, obrigada pela participação.
O autor escreve “seja por falta de vontade, de vocação ou de incapacidade do partido…”. A leitura é: “por falta de vontade, [falta] de vocação ou [falta] de incapacidade”. “Falta de incapacidade” significa que o partido é capaz, o que torna o texto incoerente (Observe: o autor diz que o partido X está longe do desejado e explica o porquê disso – falta de vontade, de vocação… Logo, como pode estar longe do desejado, se o partido tem capacidade?). Para desfazer essa incoerência poderíamos escrever de duas maneiras:
1. “seja por falta de vontade, de vocação ou por incapacidade”.
2. “seja por falta de vontade, de vocação ou de capacidade”.
Viu a diferença?
Beijos. Carla.
KonstantinMiller diz:
julho 6th, 2009 para 9:18 pm
Hi. I like the way you write. Will you post some more articles?
Gabriel roger diz:
julho 20th, 2009 para 2:50 am
Vcs deveriam colocar mais opcões de habilidades e interpretação de textos.
Longer diz:
outubro 5th, 2010 para 10:22 pm
O certo seria: Falta de capacidade
Se a criattura tem falta de incapacidade, isto é ótimo, afinal, isso significa que é capaz.